Economia Brasileira em Ouro

Por Julio dos Santos

No momento que um investidor decide alocar seus recursos em determinado empreendimento, ele efetua uma análise de investimento que lhe convir e define seus objetivos de modo que possa aumentar o poder aquisitivo do seu capital, desta forma ele pretende poder adquirir mais bens com o resultado deste investimento. Os bens que este investidor pretende adquirir, via de regra, localizam-se no seu país de origem. Desta forma ao fazer a análise de investimento o investidor converte os valores da economia da qual irá aplicar o seu capital, para a sua moeda, pois assim irá analisar sobre a ótica dos seus objetivos. Da mesma forma ocorre quando um investidor global aplica em determinado investimento, geralmente a análise é efetuada sob a ótica do dólar ou, mais recentemente, do euro.
Porém quando um investidor que acredita no sistema de livre mercado decide efetuar um investimento, qual será a moeda base de sua análise? Ou seja, aquele investidor que compreende que as medidas governamentais, sejam monetárias, fiscais, cambiais e entre tantas outras, possuem apenas a intenção de atrapalhar o funcionamento da sociedade livre e principalmente, interferir na liberdade de cada indivíduo, qual será a moeda que alicerçará seus investimentos? Como resposta desta questão proponho a leitura deste artigo,  http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=830, que apresenta o único meio de troca, até então, que chegou mais próximo do conceito de moeda, o Ouro.
Analisando a economia brasileira, com o intuito de dar sustentação para que um agente de livre mercado possa efetuar seus investimentos, este estudo se propõe esmiuçar os dados dos últimos anos e entender o que realmente está ocorrendo com o cenário brasileiro. A análise dos números de uma economia baseada no ouro possibilita que possamos enxergar os números de forma mais límpida, sem as distorções geradas pelas medidas governamentais.

Preço do ouro, o valor da moeda
Um dos dados mais básicos que generaliza a economia de uma nação é o comportamento de sua moeda em relação à moeda do investidor, ao entrar neste mercado é necessário verificar o desempenho deste número, o impacto das decisões do governo em sua cotação e suas políticas cambiais.
No caso do Ouro/BRL, no decorrer dos últimos 12 anos é aparente a forte desvalorização do poder de compra do Real frente ao Ouro, como se verifica no Gráfico 1. Esta perda de força do Real deve-se a vários motivos, sendo o principal a enxurrada monetária efetuada pelo Banco Central a fim de gerar estímulos à economia. Este fenômeno não é exclusivo para o Real, ele ocorre também em outras moedas, em tempos diferentes, mas convergindo para a mesma direção em todas as moedas, reflexo da famosa “guerra cambial” onde governos tentam ao máximo reduzir o poder de compra de sua moeda para obter “vantagens” comparativas no comercio mundial, aparentando que os produtos exportados em sua moeda são mais baratos que os demais.

A forma deste movimento, conectado aos demais indicadores que serão analisados a seguir, evidencia que os números da economia brasileira possuem outra interpretação, bem diferente das observações que estamos acostumados a ver nos noticiários, ficando toda a base de leitura distorcida frente às medidas adotadas pelos administradores das moedas emitidas pelos bancos centrais ao redor do mundo.

Progresso dos anos 2000
O governo brasileiro tem alardeado aos quatro cantos que o país esteve pujante e sólido nesta última década e tem mantido esta situação, sendo hoje um país preparado para o futuro e com perspectivas que há 13 anos não poderíamos imaginar.
Ao começar pela análise do PIB, o país passou por uma forte experiência de ganhos neste período, principalmente na fase entre 2004 e 2008, como é possível verificar no Gráfico 2, com uma média de 4,8% de crescimento anual do PIB, muito acima dos 2,2% do pós-implantação do Real (de 1995 a 2003) e dos 2,7% pós-crise financeira (de 2009 a 2012).

Ao comparar o período de pujança brasileiro com o mundial e os períodos anterior e posterior já mencionados, chega-se no Gráfico 3 onde é possível verificar que todo esse vigor nada mais foi do que superar, sem muita margem, a média, voltando a ficar abaixo após este período.

Porém este período de pujança não deve ser ignorado, algo ocorreu neste momento que fez com o Brasil pudesse se tornar rentável.
Vendo o país como um empreendimento, como é visto por investidores, quem aplicou nele provavelmente obteve retorno e, além disso, estes números fizeram com que o país se tornasse atrativos para novos investimentos, pois ele estava sendo produtivo, rentável, lucrativo, palavras que atraem investidores.
Neste mesmo período, este empreendimento chamado Brasil, além de ter lucro, teve Fluxo de Caixa Operacional Positivo, para países chamados de Transações Correntes do Balanço de Pagamentos. Peter Drucker, considerado o pai da administração moderna, defendia que uma empresa pode operar alguns períodos consecutivos apresentando prejuízo sem passar por grandes problemas, desde que possua fluxo de caixa positivo, porém o contrário não é observado.
Parte deste fluxo de caixa provém da Balança Comercial, Gráfico 4, que de mar/02 a out/08 fez com que entrasse no país um montante de capital sem precedentes na história recente do país, sendo boa parte deste fluxo reflexo dos preços praticados no mercado internacional dos principais produtos da matriz de exportações do país, em sua grande maioria matéria-prima.


A outra grande parte deste fluxo de caixa operacional chama-se Serviços e Rendas, que representam o resultado (recebimento/pagamento) de despesas de serviços como viagens, cartão de crédito e serviços profissionais e o envio ou recebimento de rendas como lucros, dividendos e juros. No Brasil este número sempre foi negativo. Nota-se que o montante referente a Serviços, mesmo com oscilações, se mantêm em linha enquanto os valores de Rendas reduziram desde o início da década passada, diminuindo, principalmente, o envio de capital ao exterior a título de Juros Pagos, reflexo da queda da taxa de juros nacional. Outro ponto é o robusto envio de capital para demais remuneração de capital (lucros e dividendos) no período de 2002 a 2008, tema que será tratado logo à frente. Todavia no total do valor de Serviços e Rendas houve uma redução significativa de 2000 para cá.


Esta combinação de Balança Comercial positiva com a redução dos pagamentos de Rendas ocasionou no início de 2003 um resultado não inédito, mas raro, na história do país, saldo positivo nas Transações Correntes (Gráfico 6) e que, aos olhos da época, sustentavam uma firme tendência de manutenção do número.


Ao constatar que no período pós 2002 ocorreu uma grande melhoria nos números do país, pressupõe-se que em algum momento anterior tenha ocorrido um aumento significativo dos investimentos, pois como é notório, todo retorno advém de um investimento prévio. Entretanto, examinando o período anterior, não é possível identificar qualquer momento onde possa ter ocorrido este investimento, visto que após a implantação do Real até 2003 a taxa de investimento, Gráfico7, despencou de 18% para 15%, um número abaixo dos 20% que se estima ser necessários para manter um crescimento razoável do PIB.


Então qual a procedência desta rentabilidade que iniciou em 2002? A origem deste número veio de um maciço aporte em investimento direto efetuado pelos estrangeiros, Gráfico 8, no período de 1998 a 2001, atraídos pela abertura de mercado ocorrida na primeira metade da década de 90 e a estabilidade do Real confirmada na segunda metade desta mesma década, que juntas proporcionavam expectativas de ganhos futuros.


Esta entrada de capital estrangeiro fez com que o país pudesse experimentar um período de resultado positivo e, em contra partida, seguindo as regras de livre mercado, foi muito bem remunerado, Gráfico 5. Além de ser bem remunerado, este capital deixou um rastro de prosperidade para o restante da sociedade, aumentando o a riqueza da população em geral. Este precioso momento de fartura foi uma ótima ocasião para que a população pudesse acumular o capital necessário para manter um alto nível de renda e enfrentar tempos difíceis, entretanto, como veremos a frente, esta oportunidade foi perdida.

O fim da pujança até hoje não percebido
A partir do ano de 2003 os números do país ficaram fortes e o tal futuro que o povo brasileiro tanto esperava parecia que havia chegado e para ficar. Em contrapartida os estrangeiros tinham como garantia uma forte remuneração, Gráfico 5, e um fluxo constante de entrada de capital proveniente das Transações Correntes, Gráfico 6, o que lhes dava segurança que poderiam resgatar o seu investimento no momento que fosse necessário, pois haveria moeda estrangeira para tal transação.
Porém o que muitos não esperavam, ao menos dizem que não esperavam, aconteceu, veio uma crise. Não uma crise como as outras que ocorreram nas últimas décadas, mas uma crise de crédito no centro do motor da economia mundial, no sistema financeiro dos EUA. Esta crise veio e vários cenários que antes pareciam seguros e estáveis agora se tornaram nebulosos, contudo com a certeza de que o PIB de todos os países teria uma queda repentina.
Em decorrência do esfriamento das transações internacionais, no fim de 2007 a Balança Comercial brasileira despencou, tanto importações, quanto exportações. Neste cenário, o Brasil, grande exportador de matéria prima, saiu em desvantagem e o saldo da balança começou a reduzir fortemente a ponto de fazer com que o saldo acumulado de 12 meses das Transações Correntes voltasse, depois de quatro anos e meio, ficar negativo.
Aquele fluxo de entrada de capital havia acabado, a iminência de perda de rentabilidade (queda do PIB) era uma certeza, então o que o governo poderia fazer para que o Real continuasse sendo respeitado no exterior e os investidores não retirassem o dinheiro do país?
Sabendo que o discurso o brasileiro nunca foi respeitado pelos estrangeiros, o governo resolveu agir. No terceiro trimestre de 2007 comprou uma grande quantidade de Reservas Internacionais que em média equivale ao dobro da quantidade de M1 (Moeda em circulação + Conta Corrente em bancos) na economia, Gráfico 9, nível este que vem se mantendo desde então, dando segurança para aqueles que possuem capital investido em Reais. Antes desta compra a relação em reservas e M1 rondavam a equidade. Ou seja, a moeda brasileira passou a ter um lastro dobrado em títulos estrangeiros, assegurando credibilidade à moeda.


Sendo o Brasil um país em grande evidência nos idos do segundo semestre de 2007, com o governo dando sinais de que estava disposto a manter uma moeda forte e a economia mundial, principalmente a americana, dando sinais de que esta crise era realmente forte, ocorre uma forte migração de investimento em carteira para o a bolsa de valores brasileira, Gráfico 8. Em maio de 2008 o índice Ibovespa alcança a sua marca histórica, Gráfico 10, decorrente desta grande entrada de capital no país, enquanto isto, outras bolsas ao redor do mundo já começavam um processo de correção. O Brasil entrou num falso momento de prosperidade, uma bolha, de pouco meses, por ter convencido os estrangeiros de que era imune a crise, mas em setembro deste mesmo ano a realidade bateu a porta e, com a quebra do Lehman Brothers, toda esta prosperidade alcançada no último ano na bolsa de valores foi embora juntamente com a prosperidade acumulada nos cinco anos anteriores, provocada em grande parte pela saída de capital em carteira ocorrida na época.


Após passar pelo fundo do poço da crise, os estrangeiros viram que os números do Brasil poderiam trazer novas rentabilidades, ou ao menos seria um porto seguro frente a um mundo em franco colapso. Assim, do meio de 2009 até o fim de 2010 eles regressaram à bolsa brasileira, porém como já visto no Gráfico 3 a rentabilidade no Brasil vista antes da crise não mais se concretizou e os ganhos da bolsa gradativamente voltaram a cair. Não só a rentabilidade da carteira, mas o retorno do investimento direto efetuado pelos estrangeiros começou a desabar. Após a crise, os montantes de envio de rendas ao exterior vêm reduzindo gradativamente, Gráfico 5, mostrando que os investimento diretos efetuados no Brasil anos atrás começaram a ficar pouco rentáveis para os estrangeiros, tornando o país uma opção pouco atrativa.
Ao alegar que toda a prosperidade alcançada a partir de 2002 foi embora a partir do ápice da crise financeira, não se afirma que somente os investidores perderam a sua rentabilidade, mas sim toda sociedade perdeu renda.
No período de pujança da economia brasileira, de 2003 a 2008 é visível o aumento do poder aquisitivo do salário mínimo, um indicador de renda dos trabalhadores de menor renda e a manutenção dos ganhos médios do trabalhador, Gráfico 11. Porém, após o advento da crise, ambos os indicadores de rendimentos caíram para patamares menores que os anteriores ao período de prosperidade, mostrando que o novo cenário de baixa rentabilidade foi realmente distribuído para toda economia.


O PIB per capita refletiu muito bem todos os movimentos citados, Gráfico 12, uma tendência de alta entre 2002 e 2008 com uma queda a partir de então. Mas existe um fator que fez com que a população em geral sentisse que os efeitos desta crise não haviam chegado ao Brasil.


A pujança brasileira, ao contrário do que é divulgado, não fez com que a renda média do trabalhador tivesse um grande incremento, mas apresentou como característica o aumento do poder de compra desta renda, com a redução dos preços dos produtos básicos consumidos.
Conforme é possível verificar no Gráfico 13, estes itens alimentares, que além de serem produtos finais são os principais insumos de outros itens, sofreram neste período uma gradativa redução que se acentuou após a crise. Esta queda se deve à alta capacidade de oferta alcançada antes da crise pela maioria dos setores produtivos e que não obteve a demanda de outrora após a crise.


Enquanto isso outro preço básico da economia, o petróleo, sofreu as suas próprias variações, influenciado pelos ditos do mercado internacional. Antes da crise é possível observar que os momentos de alta do preço ocorriam quando se identificava uma queda da produção diária ocasionando uma queda mais intensa nos níveis de estoque. A divisão destes dois dados (estoque / produção diária) gera um indicador de dias de estoque necessários para cobrir um dia de produção, um número que sintetiza e reflete os tantos acontecimentos ocorridos no decorrer do período, tanto por decisões de grandes grupos de oferta quando por forças de demanda, Gráfico 14. Nota-se que no período de 2004 a 2008 os níveis de estoque ficaram muito baixos e o preço disparou. Após a crise os estoques aumentaram e o preço despencou semelhante com o que aconteceu com aos alimentos, um reflexo da também alta capacidade produtiva versus a brusca queda na demanda. O que chama a atenção é que gradativamente os níveis de estoque foram caindo, encontrando no fim de 2012 um dos menores patamares da história recente, mas a contrapartida da alta do preço não ocorreu. Não há sinais de que o preço do petróleo possa disparar, pois aparentemente o seu preço se adequou ao novo patamar de estoque, porém não se descarta que ocorra uma queda de estoque intensa, reduzindo o número muito abaixo dos últimos níveis registrados.

O que afinal gerou esta sensação de não haver crise no mercado brasileiro foi que a queda no preço dos produtos foi mais acentuada que a queda da renda. No Gráfico 15 é possível confirmar que nos quatro anos pós-crise (2009 - 2012) os preços dos produtos caíram mais que a renda, comparado aos quatro anteriores (2005 - 2008). Comprovando que toda essa enxurrada monetária, que distorcem todos os preços, nos impossibilitou, e ainda impossibilita, de ver a real situação da economia.

A inflação, tão alardeada aos quatro cantos, é reflexo de injeções desmedidas de dinheiro na economia. De 2008 para cá o brasileiro tem, dia após dia, perdido renda e o que tem mantido a situação num patamar estável, ao contrário do que a maioria dos economistas diz, são os preços dos produtos estarem num valor extremamente baixo. Outra análise distorcida é o atual patamar da bolsa de valores que se encontra no mesmo fundo do poço que alcançou no auge da crise.

Desenho de cenários
Na atual situação que o Brasil se encontra podemos desenhar alguns cenários possíveis, mas não me arriscarei a fazer projeções. Não é possível projetar quais serão as artimanhas que o governo poderá utilizar para se safar de números desfavoráveis que podem prejudicar uma eleição. Como exemplo, se eu estivesse no meio de 2007, jamais teria a ideia de projetar que o governo se encheria de títulos internacionais para criar um lastro dobrado para o Real.
Levando em consideração os números apresentados, o Brasil encontra-se exposto nos seguintes pontos:
o         Inflação: não foi analisada neste estudo e nem há a necessidade. No momento em que todos os valores da economia são considerados em Ouro, não há impacto direto da inflação nestes números. O ponto que vale destacar é que o governo irá utilizar da inflação, embutida em todos os preços, para distorcer qualquer número apresentado por ele e, principalmente, para esconder a perda do poder de compra da renda do trabalhador, que é o principal prejudicado por este fenômeno.
o         PIB: é visível a perda de competitividade brasileira comparada a ela mesma. O ponto chave disto é a falta de investimento. O país passou por um grande momento de bonança e não aproveitou para acumular capital, pois toda riqueza foi queimada em consumo com incentivo retórico do governo. Sem investimento não há retorno, ou passamos por um grande momento de redução de consumo e aumento de investimento, chegando a patamares bem acima dos 20% do PIB, ou favorecemos para que os estrangeiros entrem investindo robustamente aqui, pois eles possuem capital acumulado e nós não.
o         Governo: aqui neste estudo fiz os seguintes apontamentos sobre ele:
       -   Ostentação caluniosa de que o Brasil continua bem após a crise;
       -   Criação de um lastro dobrado de reservas internacionais para dar confiança ao Real;
       -   Entrada na guerra cambial, desvalorizando o poder de compra da moeda frente ao Ouro;
       -   Criação de artimanhas para livrar-se de números desfavoráveis pré-eleições;
       -   Utilização da inflação para disfarçar os reais números da economia;
       -   Incentivo ao consumo em detrimento do acumulo de capital.
De todos estes pontos acredito que os quatro últimos continuarão sendo utilizados e não vejo cenário de término. O primeiro dificilmente poderá ser mantido por muito tempo, mas poderá se sustentar com a utilização das já citadas artimanhas, enquanto não houver algum cataclismo. O segundo é o ponto de grande observação, já que as reservas internacionais estão sendo utilizadas pelo governo como lastro da moeda, mas também tem sido usada, em pequenas proporções, para estabilização da taxa de câmbio. Por enquanto as reservas e o M1 estão sob controle, assim como o câmbio, mas a confiança total neste único fator para manter a confiabilidade na moeda deixa a economia bastante exposta. Sem um PIB robusto e/ou entrada de capital constante não há possibilidades de somente o lastro duplo em reservas internacionais possuir forças para manter a confiança no país.
o         Renda: a remuneração, assim como observado no desempenho do PIB, despencou fortemente após a crise e a correlação destes indicadores são diretas. Para que o trabalho seja remunerado é preciso que tenha capital para tanto, para que haja capital é necessário que haja austeridade. Sem capital acumulado e investido não haverá retorno para realizar qualquer tipo de remuneração, seja sob capital, seja sob trabalho.
o         Preços: não há sinais de grandes aumentos do preço das commodities agrícolas no longo prazo. Impactos de quebra de safra em decorrência do clima podem ocorrer, mas, se ocorrer, em questão de meses já virá uma correção, entretanto no longo prazo é visível a manutenção ou a queda amena destes preços. Já o petróleo tem na concentração de sua oferta um importante ponto a ser considerado, situação que não existe nas mercadorias agrícolas e que os permitem manter um preço estável no longo prazo. A maior parte da oferta de petróleo está nas mãos de poucos produtores, que possuem muita influência para determinar os níveis de produção e, assim, fazer mudanças súbitas no preço. Desde o início da crise estes produtores perderam muito de suas margens e há motivos claros para que eles venham a fazer um novo impacto de oferta, como já fizeram antigamente, elevando abruptamente o nível de preço do petróleo e de muitos outros produtos na economia, afetando principalmente aqueles que estão com a renda em queda, dentre eles os brasileiros. Porém hoje é mais difícil para que estes produtores venham a fazer um movimento desta natureza, pois há uma gama de novas formas de produzir energia que continuam mais caras que o petróleo, mas se o preço deste subir rapidamente as outras fontes se tornarão viáveis. O cenário do petróleo é importante e incerto, deve ser observado de perto.
Por fim, a opção que se escancara para uma melhora de cenário é o incentivo ao investimento. Não é uma grande novidade, pois a história evidencia que a prosperidade e o retorno só vêm após o investimento e isto está em grande falta no Brasil.
Os brasileiros estão muito expostos a alguma nova desventura que venha a ocorrer, como aumento repentino e duradouro dos preços, extrema escassez de algum recurso básico, catástrofe climática, o colapso econômico de algum player do mercado, etc. Quando chegar algum momento ruim não teremos reservas e investimento direto para suportar o baque. As grandes economias estão com grande acumulo de capital, seja ele direto ou em carteira, já os brasileiros possuem muito pouco. O país necessita urgentemente de investimento interno ou externo, qualquer coisa fora desta linha nos levará a uma crise profunda nos próximos anos.
Conforme abordei não vejo que o governo vá fazer algo para que aumente o investimento, seja o partido que for. O que provavelmente irá acontecer é que ele faça o contrário, tomando medidas e incentivando a população a fazer o mesmo, com aumento do consumo e do endividamento, juntamente com o aumento do custo e burocracia para quem for investir, desestimulando este ato.
Finalizando eu gostaria de dar um conselho a quem ler este estudo: acumule capital! Invista! Esforce-se para aumentar os seus ganhos, detenha capital, mesmo que tenha que abrir mão de alta rentabilidade. Faça a receita básica que deve ser seguida em qualquer cenário: gaste menos que ganhe!

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